Meu objetivo é esclarecer tecnicamente os principais pontos sobre bombas de amostragem quando se pretende usá-las em Higiene Ocupacional, para garantir que as avaliações de agentes químicos possuam resultados o mais próximo possível da exposição ocupacional real.
Em primeiro lugar, o que é uma bomba de amostragem para uso em Higiene Ocupacional?
É um equipamento portátil que fornece vazão constante durante todo o período de operação.
E por que essa insistência na vazão constante??
Pelo simples fato de que ao longo das coletas amostradores vão dificultando a passagem do ar devido ao acúmulo de partículas e umidade, fazendo com que a vazão mude. Lembrando que, os laboratórios ou os higienistas para chegar na concentração (mg/m3), dividem a massa encontrada pelo volume de ar coletado. Então, concluímos que com um volume maior ocorre a diluição ou diminuição da concentração, assim como com volume menor aumenta-se a concentração da amostra. Como obtém-se o volume ao multiplicar a vazão pelo tempo de coleta, um pequeno erro na vazão é multiplicado, resultando em grande diferença de volume e consequentemente, interferindo diretamente na concentração do agente químico e claro, na vida/saúde dos trabalhadores.
Para que se possa ter confiança no funcionamento de uma bomba, ela deve conter não apenas, mas principalmente os seguintes componentes:
1) Sistema de compensação de vazão que garanta que, em caso de variação da resistência do ar, da pressão atmosférica e da temperatura, a bomba consiga manter a vazão inicial ajustada pelo higienista.
Para se atestar a vazão constante, o fabricante deve pelo menos, informar qual a performance do seu instrumento ao longo de sua faixa de vazão. Conforme exemplo na imagem abaixo:
Ah… mas e se a bomba não tem esse sistema e ainda assim mantem os 5% de variação após a coleta, eu posso confiar?
A resposta é não! Não há garantia nenhuma do volume final, pois se ao longo da coleta mesmo que momentaneamente, tenha ocorrido qualquer problema como alguma obstrução na mangueira, alguma partícula maior na entrada de ar, variações de P e T, etc. a bomba não teve capacidade alguma de compensar e poucos minutos são capazes de influenciar no volume.
2) Sistema de amortecimento de pulsos. Qualquer bomba ao gerar fluxo de ar, acaba gerando “pulsos”, que são pequenos picos de vazão em intervalos muito curtos de tempo. Mesmo uma bomba com sistema de compensação constante, pode apresentar esses pulsos e isso também tem influência direta na coleta, principalmente quando se usa separadores de partículas como os ciclones. Um fluxo pulsante impede que a separação ocorra conforme as frações respirável/torácica/inalável conforme a ISO 7708. Esta pulsação também exerce influência na eficiência de coleta de gases e vapores com tubos adsorventes, pois interfere na “aderência química” dos gases ao amostrador, podendo até arrastá-los para fora do meio de coleta.
3) Sistema de indicação de falha de fluxo. Esse recurso, faz com que a bomba pare caso a pressão de entrada seja maior que sua capacidade de compensação, além disso, deve indicar ao usuário (através de LED, display, memória, etc) que houve uma ou mais interrupções no meio da coleta, e que aquela amostragem poderá ter erro no volume.
Exemplo de um caso real no Brasil:
Durante muitos anos, o modelo BDX II foi um dos mais vendidos no Brasil devido ao seu baixo custo. Entretanto, este modelo não possui o sistema de compensação comentado acima. Esta informação foi difundida e corroborada pelo próprio fabricante, informando em seu site que esta bomba não atende toda a gama de métodos para HO, mas apenas NIOSH 7400, 7082, 7105 e 7300. Também não recomenda e não fornece nenhum kit de redução de vazão para tal modelo. Com isso, este modelo deixou de ser considerado uma opção viável pela maioria dos profissionais no Brasil, assim como ocorre com os profissionais nos EUA e Europa. Um grande avanço!
Se você utiliza bombas de amostragem e ficou com dúvidas, vamos conversar. Vamos trabalhar juntos para fortalecer a Higiene Ocupacional no Brasil, melhorar a confiabilidade nos resultados quantitativos, e elevar o nível técnico do mercado como um todo.
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